domingo, 11 de abril de 2010

Suspense marca o encontro com Castor de Andrade...




Rio de Janeiro, domingo, 7 de maio de 1988


                      Telefonema para a residência de Castor de Andrade.



- “Olha, senhor Paulo Toscano, não quero falar com a imprensa, pois ela é sensacionalista. Agora que estou com este problema do cassino de vídeo-poquer é só disso que os senhores querem falar, portanto não podemos marcar entrevista”. Assim, de forma objetiva, o contraventor tentou descartar a entrevista.

Somente a ambição pode tirar um jovem de uma cilada. E, naquele momento, o que me restava era a vontade de realizar. Precisava de um bom argumento para prosseguir e obter sucesso. Claro que não sabia exatamente o que tirar da entrevista, mas sabia que algo de bom aconteceria. Castor de Andrade era uma lenda viva da sociedade carioca.

Personagem que dominava, como ninguém, a argumentação dirigida a mídia. Isso dizia respeito ao futebol, ao carnaval e às matérias de primeira página da editoria de polícia. Patrono do Bangú Atlético Clube e da Mocidade Independente de Padre Miguel, possuía um estilo fino e, ao mesmo tempo, malandro de um homem, que vendia o valor da palavra.

Nas décadas de 1970 e 1980, Castor era famoso por proferir frases de efeito, típicas dos contraventores de uma época de ouro, onde os seus elementos valorizavam a noção de ética. Contratos de negócios não eram usuais no mundo da contravenção. Não possuíam o mesmo valor de uma palavra empenhada.

 Uma quebra de acordo não estimulava o acesso a um advogado. Talvez, por esse motivo pesava sobre ele acusações sobre assassinatos. Certa vez, questionado por jornalistas sobre tais crimes, Castor, então, teria respondido: “Eu não mato ninguém, apenas faço os furinhos. Quem mata é Deus!”.

_ Doutor Castor, não se preocupe, pois não serei insistente. Nós podemos conversar sobre o que o senhor quiser e onde desejar. Argumentei resignado, acreditando no melhor...

Próxima postagem: A resposta do contraventor.



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